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           Ao longo dos primeiros anos de vida, a criança atravessa várias mudanças a vários níveis, tal como a nível emocional, cognitivo e físico. Apesar de as fases de cada nível serem similares na maior parte das crianças, é crucial que se tenha em mente que cada criança é um ser único e individual e, como tal, pode atingir estas fases precoce ou tardiamente, sem haver quaisquer problemáticas associadas (Vasconcellos, s.d.).

    No que diz respeito ao desenvolvimento emocional, Gusmão (s.d.), utilizando a teoria do desenvolvimento humano de Freud, refere que existem, essencialmente, cinco fases, que decorrem desde o nascimento até à puberdade. A primeira fase é o estádio oral e ocorre desde o nascimento até cerca dos 18 meses. Nesta fase, a zona erógena é constituída pelos lábios e pela boca, sendo que a criança sente-se prazerosa na altura da alimentação, além de ser um momento de conforto para ela.

          A partir dos 18 meses até aos 36 meses ocorre o estádio anal, em que a zona erógena é composta pelos esfíncteres anais e bexiga. Nesta fase, as crianças assumem o controlo dos esfíncteres e da bexiga, por isso, é nesta altura que se começam a incutir hábitos de higiene pessoal.

         Dos três aos sete anos decorre o estádio fálico, sendo a zona erógena a região dos genitais. Neste estádio, a criança começa a fazer a diferenciação do sexo feminino e masculino. É também nesta altura que ocorre o Complexo e Édipo (nos meninos) e de Electra (nas meninas), que se caracteriza pelos ciúmes por parte da mãe, se se tratar de uma menina, e por parte do pai se nos referimos a um menino. Assim, as crianças querem adotar o papel da mãe ou do pai, consoante o sexo, dirigindo os seus afetos ao membro do sexo oposto, isto é, se nos referimos a uma menina, esta quer encarnar o papel da mãe e focar os seus afetos no pai, se se tratar de um menino, o processo é inverso.

         A partir dos sete anos até aos 12, está presente o período de latência. Nesta fase, a criança sofre várias modificações biológicas e psicológicas que o preparam para a adolescência.

         A fase após a puberdade designa-se estádio genital, tendo como zona erógena a área genital. Nesta altura, dá-se a consciencialização da identidade sexual do jovem.

         No que concerne à teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget, segundo Souza e Wechsler (2014) e Cavicchia (s.d.), as crianças atravessam três fases do desenvolvimento cognitivo. A primeira ocorre desde o nascimento até aos 18 meses, denominando-se período sensório-motor. No primeiro mês de vida, o bebé possui reflexos, como é o caso dos reflexos de sugar e de agarrar, que não são realizados de forma intencional e não são coordenados. Mais tarde, a criança pode repetir esses reflexos, mas de forma consciente, por lhe proporcionar prazer. Nesta fase, é crucial que a criança receba estímulos visuais, auditivos e táteis, que fomentem o seu desenvolvimento, na medida em que só através da interação com o mundo é que a criança começa a conhecer a realidade que a rodeia.

        A partir dos dois anos surge o estádio pré-operatório, que se prolonga até aos sete anos de idade. De acordo com Souza e Wechsler (2014), nesta fase as crianças desenvolvem a linguagem em grande escala, havendo um enriquecimento bastante notável do vocabulário. É nesta fase que surge o jogo simbólico, motivo pelo qual as crianças adoram brincar ao faz-de-conta, utilizando situações do dia-a-dia, que representam de diversas formas. Além disso, a criança é centrada em si mesma, sendo notável o seu egocentrismo perante os outros. É de referir que nesta faixa etária as crianças demonstram bastante curiosidade acerca de vários assuntos.

         Por fim, surge o estádio operatório-concreto, por volta dos sete anos, que se estende até acerca dos 12 anos. Nesta altura, as crianças desenvolvem várias noções, como o tempo, o espaço, a velocidade, a ordem e casualidade, além de desenvolverem um pensamento mais abstrato e serem capazes de relacionar vários aspetos em simultâneo. Também nesta fase a criança começa a entender e a respeitar as regras, orientando o seu comportamento a partir destas quando se relacionam com outras crianças. Algumas crianças gostam de fazer coleções, desenvolvendo o sentido de organização, compreensão do mundo e aumentando a sua capacidade de raciocínio.

       Relativamente ao desenvolvimento físico da criança, Mateus (2012) utiliza a teoria de Gallahue para explicar as diferentes fases pelas quais a criança atravessa nos primeiros anos de vida. A primeira fase denomina-se fase reflexa e ocorre desde a fase embrionária até ao primeiro ano de vida. Nesta altura, o bebé possui movimentos involuntários, como por exemplo, o sugar e o agarrar. Os estímulos do meio desencadearão outros movimentos reflexos e involuntários que, mais tarde, se tornarão coordenados.

      A fase rudimentar ocorre, segundo Mateus (2012), desde o nascimento até aos dois anos de idade. Neste estádio, a criança começa a possuir movimentos voluntários básicos para a sua sobrevivência, como o controlo da cabeça, pescoço e tronco, o gatinhar, o rastejar e o andar.

A partir dos dois anos, até aos seis ou sete, a criança atravessa a fase das habilidades motoras básicas ou fundamentais, altura em que começam a explorar o mundo à sua volta. Nesta fase, a criança começa a andar com firmeza, correr, saltar e apanhar objetos. Como tal, é importante que se lhes proporcione, nesta faixa etária, jogos de manipulação de materiais. Por fim, dos sete aos 13 anos, a criança amadurece os seus movimentos corporais, estando aptas a desenvolver atividades motoras complexas.

Tendo todas estas fases em conta, quer no domínio emocional, quer no cognitivo e físico, é fundamental que o educador adeque as situações de aprendizagem que proporciona às crianças às características da sua faixa etária, sem descurar o cariz individual de cada criança. Deste modo, é essencial que essas situações vão ao encontro das capacidades das crianças, ao mesmo tempo que desenvolvem as inúmeras potencialidades que estas possuem naturalmente.

 

Notas sobre o Desenvolvimento da Criança

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