top of page

 

      No contexto da Educação de Infância o espaço deve representar uma zona de conforto e bem-estar para as crianças, respeitando e indo ao encontrão das suas experiências de vida, interesses e necessidades (Oliveira-Formosinho, 2011). Assim, este deve possuir algumas características específicas, que permitam que este seja um local amplo e agradável, de fácil acesso e identificação pelas crianças, onde estas querem estar (Zabalza, 1998).

      Em primeiro lugar, as superfícies devem ser suaves, para que as crianças possam brincar livremente, sentindo-se confortáveis. Além disso, as esquinas de objetos e móveis devem ser protegidas, para que não haja oportunidade de ninguém se magoar. O espaço deve possuir, também, cores agradáveis, bem como texturas interessantes e locais tranquilos para as crianças. Por fim, devem privilegiar-se os materiais naturais, como a madeira, e a utilização da luz natural, tornando-o o espaço mais acolhedor (Hohmann & Weikart, 2011). De acordo com Oliveira-Formosinho (2011), o espaço deve ser caracterizado “(…) pelo poder comunicativo da estética, pelo poder ético do respeito por cada identidade pessoal e social, tornando porto seguro e amigável, abrindo-se ao lúdico e ao cultural.” (p. 111). Além destes aspetos, o espaço deve ser um local sempre limpo, capaz de garantir a segurança e a motivação das crianças. Todavia, a limpeza não é o aspeto mais importante a ter em conta, mas sim a ação da criança no espaço (Hohmann & Weikart, 2011).

      Segundo os mesmos autores, para que seja possível que as crianças construam a sua própria aprendizagem, é fundamental que o espaço esteja organizado e equipado de forma adequada aos interesses e necessidades da criança. Além disso, este deve permitir que a criança se movimente livremente, comunique com os colegas e com os adultos e exiba os trabalhos por elas realizados, sempre com o apoio dos adultos.

      Outro aspeto relativo ao espaço que importa mencionar prende-se com a importância da divisão do espaço em áreas de interesse, proporcionando atividades diversificadas e significativas para as crianças. Estas áreas devem ser organizadas de modo a que todos os materiais nelas presentes sejam adequados, isto é, devem estar de algum modo relacionados com a área onde estão inseridos. Além disso, é imprescindível que estas áreas de interesse possibilitem a participação dos adultos, nas brincadeiras das crianças, para que a criança possa contar com o seu apoio (Hohmann & Weikart, 2011).

      No que concerne aos materiais, Hohmann e Weikart (2011) defendem que as salas de Educação de Infância devem possuir materiais o mais diversificados possível para incentivar a manipulação, a transformação e a conjugação entre eles, de modo a motivar a participação ativa das crianças nas suas aprendizagens. Desta forma, as oportunidades de aprendizagem pela ação são mais alargadas, tornando, por isso, o espaço mais atraente na visão da criança. Os mesmo autores referem que é crucial que os materiais sejam utilizados e arrumados pelas próprias crianças, sempre no mesmo lugar, visando a sua fácil localização por parte das crianças. Este facto conduz a que a criança sinta controlo sobre o ambiente em que está inserida, levando-a a sentir-se segura e confiante.

      Outro tópico bastante importante na Educação de Infância é a organização do tempo ao longo dos dias, isto é, o estabelecimento de uma rotina, relativamente estável, que forneça segurança e conforto às crianças e respeite os seus ritmos de aprendizagem (Oliveira-Formosinho, 2011; Zabalza, 1998). De acordo com Zabalza (1987), a rotina consiste nas atividades diárias de um grupo de crianças, no tempo que este passa na instituição, não só a nível de cuidados, como a higiene, mas também a nível das brincadeiras e das aprendizagens. Para Hohmann e Weikart (2011) o modo como as crianças passam o dia afeta não só a elas próprias, como aos colegas e aos adultos. Deste modo, cabe ao educador proporcionar às crianças momentos de aprendizagem seguros e significativos, para que as crianças iniciem, experienciem e terminem o dia com qualidade.

      A determinação de uma rotina diária permite a orientação das situações de aprendizagem, além de as tornar mais lógicas e coerentes, o que, consequentemente, irá resultar no sentimento de segurança relativamente ao tempo e ao espaço, tanto por parte da criança, como por parte do educador. Além disso, a rotina diária permite que a criança construa a sua conceção de tempo (Zabalza, 1998).

      Segundo Hohmann e Weikart (2011) e Oliveira-Formosinho (2011) as fases que devem fazer parte da rotina diária de um grupo na Educação Pré-Escolar são o acolhimento, a planificação das atividades pelas crianças, as atividades em pequenos e grandes grupos, os tempos de recreio e o tempo de partida. Os momentos no exterior são bastante importantes, pois é nessa altura que as crianças socializam de forma livre com os seus colegas. Contudo, é crucial que esta rotina seja flexível, de modo a poder responder, em qualquer momento, às necessidades e interesses das crianças (Crosera, s.d.).

 O Contexto Educativo da Educação de Infância

bottom of page